O futebol conformado de MS
Nem sempre foi assim. Mas, talvez o ano de 2000, quando o Comercial bateu o São Paulo por 1 a 0, no Morenão, pela Copa do Brasil, foi o último suspiro de orgulho do futebol sul-mato-grossense. Naquela época, já nem estávamos bem das pernas, mas podíamos olhar para o Estado vizinho com certo ar de superioridade.
Daí que há exatos dez anos, 2008, o Luverdense disputou a Série C. E, nosotros, do Mato Grosso...do Sul, ainda naquela ladainha de “sou do tempo de que o Morenão enchia”. E, assim, ano após ano, parado no tempo, dentro e fora de campo, vimos em 2013 o tal time de Mato Grosso subir para a Série B do Brasileiro. Divisão em que resistiu por quatro anos, até ser rebaixado ano passado.
Enquanto isso, do lado de cá do pedágio que pagamos, nada duplica de bom em nossos campos.
Coincidentemente em 2013, um atacante que sagrou-se artilheiro do Sul-Mato-Grossense da época, ao ser negociado para outro clube de fora do Estado, disparou um “agora vou jogar futebol de verdade”. Nem vou dizer o nome, pois na época quem trabalhava comigo está careca de saber como eu considerei infeliz a declaração. “Então, ele jogou e foi artilheiro de um campeonato de mentira?!”, indagava em meus pensamentos.
Como o tempo é o senhor da razão (?), compreendo que se ele quis dizer mais do que entendi na época, estava certo. Se bem, que depois ele voltou a atuar por aqui, mas longe de ser o artilheiro de outrora.
Pois bem, há pelo menos cinco anos, chute generoso, estamos atrás dos nossos vizinhos mato-grossenses. Uso o futebol MT como exemplo pois seria covardia comparar com o futebol do Sul-Sudeste. E, porque historicamente Campo Grande, principalmente, é mais conhecido no cenário nacional. Bom, era.
E, olha que é o futebol dos nossos adversários do Centro-Oeste também está longe de ser comparado dos grandes centros. Mas, e tem sempre um mas, negar que os principais clubes de Mato Grosso estão melhor do que os nossos seria de uma miopia que nem médico do Detran conseguiria passar o tiozinho no exame de vista.
Vai que o Corumbaense semana que vem apronta e elimina o Luverdense da Copa Verde lá no nortão de Mato Grosso. Futebol tem dessas coisas. Mas, só servirá para tapar o buraco com esses remendos de asfalto campo-grandense. Igual foi a vitória do Corumbaense sobre o ASA-AL na Copa do Brasil, e o êxito do Operário sobre o Cuiabá em Campo Grande. Na primeira chuva de gols que sofrer, a problema volta a ser escancarado.
“Vocês só criticam. A imprensa não divulga, não tem investimento, que faz futebol aqui são verdadeiros heróis”. Já deu, né. Imagine os demais esportes que tentam sobreviver em Mato Grosso do Sul. Não foi o torcedor que demorou para deixar estádios em ordem, e, que no fim, faz os elencos pagarem o preço de estarem sem ritmo por falta de...jogos.
Ou, longe de mim ser o responsável pela falta de bom senso e não adiar partidas do Estadual para que o Corumbaense se concentrasse somente para suas históricas participações na Copa do Brasil e Copa Verde. E, fazer o time pagar pelo desgaste físico com viagens a Rio Brilhante (554 km distante de Corumbá) e Mundo Novo (869 km). Parece até um castigo pelos resultados além Sul-Mato-Grossense.
Mas, dá nada, não. “Mesmo com todo estes problemas, nosso time jogou bem. Só faltou a bola entrar”. Então, ok, vamos nos recolher cada vez mais à nossa inferioridade. Se ganhar o Sul-Mato-Grossense está bom demais.
Para que se indignar. Se preciso for, a gente intervém.
Abraço