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Agência onde filha de Nuzman passou obteve R$ 12 mi em contrato com comitê Rio-16

Doze milhões em apenas um contrato. É o preço pago pelo Comitê Rio-2016 para a agência de marketing onde trabalhou a filha de Carlos Arthur Nuzman, presidente do órgão.

O acordo entre o comitê e a Rio 360 Comunicação, de José Victor Oliva (na foto acima com Carlos Arthur Nuzman), é de 14 de dezembro de 2015. Larissa Nuzman começou a trabalhar na empresa em novembro de 2014, de acordo com o que está nas redes sociais da Rio 360 e da própria gerente de novos negócios.

Na ocasião, a agência apresentou Larissa Nuzman pelas redes sociais. A filha de Nuzman vinculou seu trabalho aos grandes eventos e aos Jogos Olímpicos no Rio: “Venho para aplicar e agregar minha experiência nos próximos grandes eventos que o Rio vai receber em decorência das comemorações dos 450 anos e dos Jogos Olímpicos”, afirmou. (ver no fim da reportagem). Segundo a rede da própria Larissa, ela teria deixado o emprego em junho de 2015, seis meses antes da assinatura.

A Rio 360 Comunicação obteve dois contratos com o comitê. O primeiro (033/2011), é de 10 de março de 2011, encerrado em 30 de agosto do mesmo ano. De acordo com o comitê, através da assessoria de comunicação, no valor de R$ 29 mil, específico para “produção do evento 0GKM”.

Já o segundo contrato é de 14/12/2015 até 31 de dezembro de 2016 (os jogos acabaram no dia 21 de agosto). Tendo como objeto “serviços técnicos, sob demanda, na área de marketing e eventos”. Em e-mail enviado para a Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo, o Comitê Rio-2016 não informou o valor do segundo contrato. Mas de acordo com as informações obtidas pela reportagem, o valor total foi de R$ 12 milhões. (ver resposta sobre contrato em “outro lado” abaixo).

Exatamente paralelo ao tempo em que esteve na Rio 360 Comunicação (entre novembro/2014 e junho/2015), Larissa Nuzman abriu uma empresa de produção de eventos, a LNuzman Produção e Eventos, em 2 de março de 2015, de acordo com os dados da Receita Federal.

A saída da Rio 360 Comunicação meses antes do contrato com o comitê, como está na rede profissional da filha de Nuzman, não evita a possível avaliação sobre eventual suspeição entre as partes para a existência do contrato entre a agência e o comitê, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, que preferiram não se identificar.

Nas regras de “Condições Gerais de Fornecimento” do comitê, sustentado em boa parte por verba pública, não há menção direta a impedimento direto pelo código de ética do próprio manual, mas existe a determinação para “observar, na consecução do objeto desse contrato, as disposições contidas nas Leis nº (s) 12.683, de 9 de julho de 2012 (Lei de Lavagem do Dinheiro) e 12.846, de 1º de agosto de 2013 (“Responsabilidade civil e administrativa de pessoas jurídicas por atos contra a administração pública”, que ficou conhecida como Lei Anticorrupção). Só nos últimos 10 anos, entre 2007 (ano em que a candidatura do Rio para 2016 foi oficializada) e 2017, o COB e o Ministério do Esporte assinaram 24 convênios, com o dinheiro público garantindo a campanha brasileira.

De acordo com a Lei 12.846, (Anticorrupção), não é permitida a participação de quem “tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau” ou está em suspeição “autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou como os respectivos cônjuges, companheiros, parentes”.

Antes de trabalhar como gerente de novos negócios da Rio 360 Comunicação, Larissa Nuzman trabalhou por quatro anos no Comitê Organizador da Copa de 2014.

José Victor Oliva ficou conhecido como empresário da noite de São Paulo nos anos 80 e 90, quando passou para a área de promoção de eventos.

Abriu a Rio 360 Comunicação em 3 de março de 2005 como parte de um grupo de empresas do ramo, reunidas na Holding Clube. Já em novembro conquistou contrato de R$ 450 mil para o réveillon carioca, sob a prefeitura de César Maia.

Nuzman ficou preso entre os dias 5 e 20 de outubro, acusado de ter intermediado o pagamento de propinas para que o Rio de Janeiro sediasse os Jogos Olímpicos de 2016. E foi denunciado por corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Gryner, seu braço-direito, também foi enquadrado nos dois primeiros crimes.

Outro Lado:

Comitê Rio-2016:

A reportagem enviou as questões abaixo para o comitê e obteve a resposta que segue:

1- A Rio 360 Comunicação (07.296.522.0001-21) teve dois contratos com o Comitê. (033/2011 e 1301/2015). O 1301/2015 durou um ano, até depois dos Jogos, terminando em 31/12/16. E fala em “serviços técnicos, sob demanda, na área de marketing e eventos”. Qual eram exatamente esses serviços, e quais as razões exatas para tal tipo de contrato, mesmo após os jogos?

Resposta: O contrato da RIO360 era o que se define como “guarda chuva” Ele fixava os valores de cada tipo de evento e o comitê só pagava quando usava a agência. O valor do primeiro contrato (033/2011) era de R$ 29 mil e foi para um único evento. Tínhamos muitos eventos, coletivas, reuniões com patrocinadores, reuniões do COI e etc. Precisávamos ter sob contrato um grupo de agências aptas a esses serviços para poder então usá-las de acordo com a necessidade. Usávamos as agências contratadas também para manter os preços mais baixos, a cada evento fazíamos uma concorrência entre elas, que tivesse o melhor preço.”

Nota: a reportagem enviou ainda as questões abaixo, sem resposta.

2- A filha de Carlos Arthur Nuzman trabalhou na Rio 360 entre 2014 e 2015. Se o comitê sabia de tal fato e se não era impeditivo, mesmo ela tendo saído ainda em 2015?

3- Se pode revelar o valor.

Rio 360 Comunicação:

A reportagem enviou questões por e-mail para José Victor Oliva, sem resposta.

Larissa Nuzman: A reportagem não obteve contato com a filha de Carlos Arthur Nuzman e pediu através do comitê.


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