Burnquist lembra de Tony Hawk ao ver skate com status olímpico
Ao longo de sua carreira como skatista profissional, Bob Burnquist, de 41 anos, conquistou marcas históricas e se tornou um dos principais nomes da modalidade, seja no Brasil ou no exterior.
Aos 10 anos, Bob foi goleiro reserva em um campeonato de handball no qual seu time foi campeão. Mas na hora da premiação recusou a medalha por não ter contribuído com a vitória. Foi ali que percebeu que deveria se dedicar a um esporte em que a vitória ou a derrota dependesse somente dele. Momento esse em que o skate surgiu em sua vida.
Entre os inúmeros títulos de sua carreira, foi o primeiro brasileiro a levantar um título mundial, tem oito campeonatos mundiais de Mega Rampa e dois de Vertical e é o maior medalhista dos X Games, com 30 medalhas, sendo 14 de ouro.
Além disso, foi o primeiro skatista brasileiro a conquistar o Prêmio Laureus, em 2001, e realizou até um salto no Grand Canyon, nos Estados Unidos, ao unir skate com BASE Jump. Em setembro, Burnquist começou seu mais novo desafio: o de presidir a Confederação Brasileira de Skate.
O que é mais desafiador? Encarar uma Mega Rampa ou a presidência de uma Confederação Olímpica?
Vou te falar que as burocracias são quase uma Mega Rampa (risos). Mas com uma equipe boa, da mesma maneira que andando de skate, tudo dá certo. São dois desafios diferentes, mas não deixam de ser grandes.
Olhando para 2004, quando você conduziu de skate a Tocha de Atenas em Copacabana. Imaginava ver a modalidade como um esporte olímpico?
Não imaginava porque era muito distante. O próprio skate amadureceu a esse ponto, de se profissionalizar, com campeonatos grandes e exposição na mídia. Aí você começa a entender o skate não só como uma modalidade recreativa, mas de competição. Em 2004, quando me convidaram para conduzir a Tocha, lembro que tinha falado com o Tony Hawk (skatista americano). Porque ele também conduziu a tocha nos Estados Unidos, mas não deixaram ir de skate. Fiquei com isso na cabeça, perguntei se podia e tive uma resposta positiva. Aí fiquei empolgadão por conduzir a Tocha, símbolo dos Jogos Olímpicos, em cima do skate. Mas que o skate entraria nos Jogos, eu ainda não tinha essa visão. Foi um momento muito especial. Mas se eu fizer uma retrospectiva e perceber que estamos aqui, hoje, com o skate olímpico, filiado ao COB e eu como presidente da CBSk, não poderia mesmo imaginar.
Qual é a sua expectativa para o caminho do skate olímpico até Tóquio 2020?
Agora que a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) é oficialmente a entidade que vai representar o skate nos Jogos Olímpicos, sinto que os skatistas começam a se perceber mais com o ´skate no chão´. Eles entendem o que é que deve ser feito e colocam a CBSk nas costas, trabalhando juntos e com vontade. Até 2020 teremos o circuito das modalidades olímpicas e não olímpicas, trabalhando junto com as Federações Internacionais com questões de ranking, como será a classificação, uniforme etc. Agora é trabalhar esses detalhes para gerenciar o skate. Vamos seguir juntos.
Qual será o critério de convocação dos atletas? Já tem algum nome que pode ser considerado como certo no Time Brasil?
Vamos utilizar um critério técnico através do ranking brasileiro. Claro que temos nomes que são destaques internacionais como o Pedro Barros, Letícia Bufoni e o Kelvin Hoefler, que foram medalhistas no Campeonato Mundial desse ano, e outros como o Luan de Oliveira, Murilo Peres e Ítalo Penarrubia. E com os eventos que teremos aqui no Brasil, iremos abrir mais oportunidade de visibilidade para outros atletas. Mas o critério mesmo será o do ranking nacional e ainda temos cerca de dois anos pela frente até batermos o martelo nesses nomes.
Nos últimos meses temos visto um aumento da participação dos atletas em assuntos importantes para o esporte brasileiro. Como você enxerga esse movimento dos atletas nas decisões do esporte olímpico?
"É um momento muito importante, a gente precisa dessa renovação. Acho que todos os esportes precisam que os atletas prestem atenção. Tanto os que estão atuando, quanto os que já se aposentaram. Sinto que faço parte desse novo momento do skate e do esporte, de não deixar só com o dirigente. Porque tinha muito daquele outro lado, de eu andar de skate e deixar os dirigentes fazerem o que tinha que ser feito. A gente mudar esse pensamento foi a razão pela qual entrei na CBSk. Eu ando de skate, mas quero fazer. Porque se você não faz, depois também não pode reclamar. Se eu vestir e não der certo, tudo bem. Agora, não fazer nada e não dar certo, também não pode falar nada. Acho que esse movimento é importante e os atletas, em atividade ou aposentados, sabem muito bem do processo que envolve o esporte. (Do COB)