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Sul-mato-grossense 'guia' refugiado etíope em vitória no atletismo

Yeltsin e Tamiru (ao centro) na premiação do Circuito Nacional - Alexandre Urch/MPIX/CPB

O sul-mato-grossense Yeltsin Jacques foi um dos destaques do último dia do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Halterofilismo em São Paulo, neste domingo (29). O para-atleta de 26 anos foi um dos personagens do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), ao ter como guia, o etíope Tamiru Demisse, 23, na prova dos 800m.

O fim de semana reuniu quase 900 atletas no Centro de Treinamento Paralímpico, que participaram do Circuito nas três modalidades e do Campeonato Brasileiro de Esgrima em Cadeira de Rodas, desde a sexta (27).

E neste domingo, pela primeira vez desde os Jogos Paralímpicos do rio 2016, Tamiru Demisse voltou a participar de competição oficial. Yeltsin é amigo e companheiro de ADD do etíope e compete na classe T12 (comprometimento de visão maior que o de Tamiru).

Eles largaram em ritmo baixo, de acordo com informações da CPB. A primeira metade da prova foi de cautela, até que, nos 200 metros finais, Tamiru exigiu bastante do sul-mato-grossense. Ao cruzar a linha de chegada, o fizeram em 1min57s46, melhor tempo do ano de Yeltsin, cerca de 1s30 mais lento que a marca mais expressiva da vida do atleta do Mato Grosso do Sul.

“Foi uma prova muito boa. Ele puxou o ritmo no final. A estratégia dele é de ir forte na reta final. Fico feliz que ele tenha voltado a competir também pela primeira vez desde o Rio 2016”, comemorou Yeltsin, que ficou com o ouro na prova. Durante a semana, ao Só Por Esportes, o corredor de Mato Grosso do Sul disse que retorna ao Estado natal no sábado (4).

“Eu correria essa prova aqui em 1min52s tranquilamente”, brincou Tamiru ao site do Comitê.

Dupla venceu a prova e diz que poderiam ter baixado mais o tempo - Alexandre Urch/MPIX/CPB

Demisse tem baixa visão, é da classe T13, e sagrou-se vice-campeão paralímpico nos 1.500m pela Etiópia nos Jogos do Rio 2016, com o tempo que o daria a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos na capital fluminense.

Porém, de acordo com o CPB, o africano viveu momentos de tensão por causa de conflito étnico que assola seu país. Ao cruzar a linha de chegada no Estádio Olímpico do Rio, ele cruzou os punhos em protesto contra o governo etíope e não mais retornou para casa por temer represálias.

Morou por quase um ano em centros de refugiados no Rio de Janeiro e em São Paulo até chegar, com a ajuda de um taxista que conheceu numa padaria no centro da capital paulista, ao CT Paralímpico, em abril de 2017.

Foi treinado pelo técnico da seleção brasileira paralímpica especialista em provas de fundo, Fábio Breda, e, meses depois, acolhido pela ADD (Associação Desportiva para Deficientes) de São Paulo.


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