Fator Muralha subverteu o, ‘no pênalti, o goleiro não tem nada a perder’
- Luciano Kishô Shakihama
- 28 de set. de 2017
- 2 min de leitura

Normalmente, a decisão nos pênaltis é carregada de tensão. Acompanhei muitas, algumas marcantes. Acredito que a primeira a invadir a caixa de lembranças da memória foi na Copa de 1986. Quando o Brasil perdeu para a França no México.
No baixo dos meus 9 anos, corri para o pequeno santuário – se você tem amigos japoneses vai entender - que tinha no quarto dos meus pais. Rezei para que o Zico acertasse o pênalti. Em vão.
Sim, o fato ainda foi no segundo tempo. O jogo ficou em 1 a 1 e, aí sim, foi para a disputa das penalidades máximas. Desta vez, o Galinho acertou. Mas, outros erraram. Sócrates, entre eles. E, o nosso goleiro Carlos, ainda teve a infelicidade de uma cobrança bater na trave e a bola bater em sua costa e entrar no gol. Para a sorte de Carlos, foi longe de ser o bode expiatório da seleção dirigida por Telê Santana. “A responsabilidade no pênalti é toda do batedor”, bradavam comentaristas em suas opiniões que ressoavam para os milhares de ‘técnico-torcedores’ que todos nós, brasileiros, somos. Ou acreditamos nisso. E. assim, Zico, mais, e Sócrates, menos, ficaram marcados pela maldição do pênalti.
Para azar de Muralha, a final da Copa do Brasil desta quarta-feira (27), o chavão foi pela primeira vez alterado com força. A responsabilidade do pênalti agora é do goleiro. Sem coitadismo, por favor. O goleiro do Flamengo está longe de sua melhor fase, que o levou a ser lembrado por Tite na seleção. Talvez, se Thiago, que falhou no jogo da ida em que o Cruzeiro arrancou o empate no Maracanã, não sofresse uma contusão seria ele em campo ontem.
Mas, o “se” é muleta. O fato ontem é que, o Rubro-Negro, assim como a Raposa, tiveram 180 minutos para buscar a vitória sem precisar das penalidades máximas. E, até onde eu sei, futebol não se joga só com o goleiro.

Tem zagueiro, lateral, meio-campo e ataque. Crucificar apenas o Alex é cômodo. Por que o Diego foi poupado de tamanha cobrança? E, quem foi o responsável de, com o bom dinheiro que irriga as contas do Flamengo hoje, não investiu melhor no elenco?
E, tem de ser exaltado o lado do campeão, Mano Menezes foi merecedor. Assim como o elenco. O vencedor tem de ser valorizado. Deixou São Paulo, Palmeiras, Grêmio e Flamengo pelo caminho. Não é pouco.

Até o dia da decisão em Belo Horizonte, o time cruzeirense treinou cinco dia seguidos as cobranças de pênaltis. Detalhes que ajudam ou pelo menos não atrapalham a equipe na hora do vamos ver.
Aceitar a derrota, aprender com o erros, também é um gesto de grandeza.
Parabéns, Cruzeiro

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