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Esse mimimi brasileiro de sempre não soa nada 'libertador(es)'

Soa até contraditório. No futebol, meio em que o machismo leva a campo com mais força, é aonde o rústico, o orgulhoso "raiz" brasileiro destila seu mimimi. Chora. E, por outro lado, demonstra o seu lado servil, obediente.

Torcedor e jogador que se orgulha de ser do time mais casca grossa, do torcedor sem noção que mistura paixão com quebra quebra, que gaba-se de ter levado vantagem naquele lance, passa longe de assumir a responsabilidade nas derrotas, nas eliminações. Há de achar um culpado.

Como nesta semana, na Sul-Americana, na Libertadores. Sinceramente, desde quando comecei a gostar desse troço chamado futebol escuto e convivo com certos jargões. “Jogador brasileiro é vítima da violência dos adversários sul-americanos”, “Argentinos/equatorianos/paraguaios/e todos os que tem no espanhol a sua língua oficial são catimbeiros, desleais”. “A arbitragem sempre prejudica a gente”.

Põe aí na conta pelo menos 30 anos. Já deu, né?! Quer dizer que a maior potência do continente, depois de tanto tempo, ainda segue com isto? Do cartola ao jogador, incluso aí parte do noticiário que alimenta essa xenofobia camuflada, ainda não aprendeu? Ou é demais aceitar a derrota para nossos vizinhos? Para a maioria que se julga tão esperta, realmente deve ser humilhante (ou cômoda) admitir que dentro de campo os “sempre favoritos brasileiros” foram superados. Mesmo que o futebol, declaradamente, seja o esporte mais imprevisível.

E, convenhamos, não se pode passar a mão na cabeça em jogador que cospe na cara de um companheiro de trabalho.

Brasileiro Bruno Henrique cospe em outro brasileiro - SporTV/Reprodução

E, se comete falta violenta, abre brecha aqui na América Latina ou na Europa para receber cartão vermelho.

Mais um pouco para a esquerda e Rodriguinho literalmente cometeria um golpe baixo - Reprodução da internet

Crescer, mudar esta mentalidade, dói. Mas, é necessário. Ver no que falhamos, em que parte o time pecou, respeitar e observar mais os adversários dos países vizinhos, também se fala há muito tempo. Porém, como um mantra, repetirei. Vai que aos poucos, cola.

Curioso é que, quando os mesmos vão ou assistem os brasucas na Europa a coisa muda de cor. Jogador (de time) brasileiro até pede desculpa pela falta. Eles são leais desde sempre. Vai nessa. Pesquisa aí Copa de 1966, Brasil e Portugal e veja o Pelé bem tratado pelos europeus. Ora, pois. O mimimi vira admiração, por vezes exagerada.

“A arbitragem é um exemplo” (erra menos que no Brasil, mas não sei se acerta mais do que a média sul-americana). E, por último, quantas vezes nos campos do Velho Mundo você viu jogador nosso cuspir na cara, fazer cera ou peitar o árbitro.

Que coisa, parece que vira outra pessoa. Podemos ser assim sempre, abaixo e acima da linha do Equador?

Abraço

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