Layana Colman em A hora e a vez de sair da zona de conforto
- 7 de ago. de 2017
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Luciano Kishô Shakihama
Layana Colman é figurinha (1,63m) conhecida em Campo Grande. A judoca que faturou medalhas em praticamente todas as categorias de base nacional, e muitas Brasil afora, vai ter o seu nome impulsionado a partir do dia 3 de setembro.
Aos 20 anos, a campeã dos Jogos Olímpicos da Juventude 2014, em Nanquim, na China, é uma das participantes de um reality show de judô. E foi ponto de partida para entrevistá-la por meio da internet. Junto com este link aqui
De Belo Horizonte, onde desde fevereiro treina pelo Minas Tênis Clube, a campo-grandense falou sobre a expectativa de “aparecer” na Globo, explica o motivo de trocar os treinos em Mato Grosso do Sul por Minas Gerais, e tratou com naturalidade o tema “Tóquio 2020”.
E, parece ter superado a eliminação precoce na seletiva do começo deste ano, em Osasco (SP), que definiu a equipe principal do Brasil para 2017. A sua expectativa de brigar no peso meio leve (até 52kg) por uma vaga era boa, era cabeça de chave número 4, mas Layana foi derrotada antes de chegar ás semifinais. No fim, a vaga foi para Eleudes Valentim, de São Paulo, cabeça de chave número 6. Que se junta às reconhecidas Érika Miranda e Sarah Menezes.
O importante, enfatiza a lutadora revelada em projeto social e que ganhou destaque no Clube Rocha, é fazer o possível sempre para “botar a cabeça no travesseiro e dormir com a consciência tranquila”.
A entrevista rendeu bastante e, foi assim:

Como surgiu a chance de participar do programa? As gravações já começaram? Tem data para estrear?
Os participantes do programa foram avaliados pela técnica e daí foram selecionados para participar. O programa vai estrear dia 3 de setembro
E sua expectativa para a estreia na tevê? Já consegue ter uma noção da visibilidade que o reality show vai te dar? Como você espera que isso ajude na sua carreira fora e dentro do judô?
Estou super ansiosa, acho que vai ser muito, muito bacana. Vai dar uma visibilidade enorme pro judô, né?! Que é o nosso esporte que mais traz medalhas olímpicas para o Brasil e, às vezes, se encontra meio apagado. Então, vai dar uma valorização muito grande e, em consequência, todos vão ganhar com isso, né?! E, claro que eu também. Eu acho que vai vir vários benefícios, espero que patrocínios e apoios, né?! (Pausa para ganhar um fôlego) Vamos ver, vai ser legal.”
A matéria do Blog Olímpico já te trata como concorrente à uma vaga para Tóquio 2020 junto com a Sarah Menezes. Te surpreende ver o seu nome já neste patamar? Acha que é cedo para comparações, ou é isso mesmo, você se sente á vontade com esse “status”?
Olha, particularmente não gosto muito de comparações. Eu estou aqui para fazer a minha parte, pra treinar e, lá na frente, competir com quem for. Estou fazendo o meu trabalho justamente para isso. Para competir bom e chegar no nível olímpico. Acho que não me sinto bem com esse status não, porque o negócio é (ir) lá lutar. Se ganhar tá dentro, se perder tá fora. Fui criada meio assim”, completa com um breve riso. Fez me lembrar uma música do Emicida em que ele manda um, “respeita quem pôde chegar onde a gente chegou”.
Sobre a saída de Mato Grosso do Sul para Minas Gerais

Há uns anos, você dizia nas entrevistas que tinha sim como uma judoca ser destaque mundial sem sair de Campo Grande, do Estado. O que aconteceu ou mudou para mudar a sua ideia e aceitar treinar em BH?
Então, acho que saí para buscar novos desafios. Em Campo Grande já tinha um certo reconhecimento. Então, estava ficando que meio que muito confortável para mim. Que lá (Campo Grande) é ótimo, eu não tenho dúvida, mas não estava dando mais para mim por causa desse conforto. Eu fiquei confortável e atleta não pode estar confortável em lugar nenhum. E, eu vivo assim, não consigo ficar parada. Então, saí com o apoio do meu técnico (Igor Rocha). Ele que meu deu esse caminho. Essa sugestão, e eu segui e estou feliz.
Ano passado, em uma conversa informal, um professor de judô aqui de MS lamentou a ida de talentos daqui para os grandes centros. Segundo ele, o pessoal acaba que vira sparring para as “estrelas” destes clubes e, no fim, sofre várias lesões que prejudicam a carreira do sul-mato-grossense. Como você vê isso? Quando você topou ir para o Minas, já viajou com tudo definido acerca de como seria e é o seu treinamento?
(Pausa para mais um fôlego e...vai) Acho que esse pensamento é falta de informação. Alguns atletas saíram e se lesionaram sim. E outros não. Como te falei, não gosto muito de comparação. Não é porque alguém se machucou que vai acontecer o mesmo comigo. E o meu técnico não me treinou para ficar sendo sparing. Eu vim pra cá para melhorar, vou cair muitas vezes sim, mas ser sparing acho que é uma palavra muito forte. Eu não treino para isso, vim aqui pro Minas, todo mundo me recebeu muito bem. Treino forte com todo mundo. Acho que é isso, aqui todo mundo treina forte, todo mundo apoia um ao outro. Foi o que consegui ver desde que cheguei.

"Então, acho que essa história de sparing ou de lesão são casos e casos. Cada um atleta é um atleta, nenhum se compara ao outro.
Eu vim para Belo Horizonte em fevereiro, mas me transferi mesmo, no papel, este mês (a entrevista foi feita ainda em julho). (Para matar a saudade) Estou sempre ligando, sempre mandando mensagem e falando no Face. Eu fui para Campo Grande bastante de fevereiro até aqui por compromissos pessoais e tudo. Agora não volto tão cedo, acho que mais para o fim do ano".
Para fechar, é chato ficar falando sobre Olimpíada, pois ainda faltam pelo menos dois anos? Ou você já “respira” esse sonho também?
Todos os atletas respiram esse sonho, né?! Mas, não penso muito, não. Penso no hoje, faço meu treino forte e faço minha preparação forte para a competição. Acho que tudo é consequência. Nem todo mundo chega. Eu vou fazer de tudo para chegar, se não chegar eu vou ter a consciência tranquila de que tudo que podia ter feito, eu fiz. Tenho isso bem certo na minha cabeça. Eu quero fazer da melhor forma, para quando eu deitar e botar a minha cabeça no travesseiro não ter nenhum peso na consciência e dormir tranquila.

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